segunda-feira, 10 de junho de 2013

Você é vítima do complexo materno?


O meu objetivo com este texto é fazer uma reflexão sobre a influência do relacionamento mãe/filha, que em psicologia recebe o nome de complexo materno.

O interesse neste assunto se deve ao fato do complexo materno, tanto o positivo quanto o negativo, exercer grande influência sobre a psique e desenvolvimento da menina e ter um papel decisivo no modo como ela se relacionará consigo mesma e com os outros.

Ser uma mãe “suficientemente boa” implica em estar em sintonia com as necessidades biológicas e psicológicas que a filha tem. Algumas mães são capazes disso, outras, não. Entretanto todo bebê é completamente dependente do amor, cuidado e atenção de sua mãe.

Nas palavras de Jung, “A desarmonia latente entre os pais, uma preocupação secreta, desejos secretos e reprimidos, tudo isso produz na criança um estado emocional, com sinais perfeitamente reconhecíveis, que devagar, mas segura e inconscientemente vai penetrando na psique dela, levando às mesmas atitudes e, portanto, às mesmas reações aos estímulos do meio ambiente”.

O complexo materno está presente em todos as pessoas, e se relaciona com a necessidade de carinho, proteção e ligação. Se a relação com a mãe for satisfatória e atender estas necessidades, a filha terá sempre a sensação de que a vida é boa, de que é amada e protegida.  O viver dessa mulher será marcado por uma alegria consigo mesma, com o corpo, com a comida, com a sexualidade... Com tudo!

Essa será uma mulher que saberá compartilhar da intimidade corporal e psíquica com outras pessoas, sendo fácil desenvolver a plenitude de amor, cuidado e compreensão com os outros. Essa mulher terá um desenvolvimento emocional saudável.

Portanto, o complexo materno positivo resultará em pessoas que se caracterizam pela facilidade de relacionamento com o outro. Em geral, essas pessoas se comunicam muito bem, são amorosas, generosas e amigáveis, e bem vistas pelos outros.

Já no caso em que a relação com a mãe não seja boa, o complexo materno será negativo e gerará mulheres que viverão com o sentimento de que são desconectados e sem raízes, marcadas pela crença de que as conquistas importantes só são conseguidas através da luta com o “mundo”. No complexo materno negativo encontra-se o sentimento de solidão, de inadequação e de precisar sempre se sobressair para ter o respeito alheio.

É muito comum que pessoas com experiência de complexo materno negativo sejam marcadas por uma desconfiança exagerada nos outros e por nunca esperarem fidelidade de ninguém. Em conexão com isso, há um medo existencial de ser rejeitada que faz com que elas criem barreiras que impedem os outros de se aproximarem, provocando a própria solidão.

Como fenômeno patológico este tipo de mulher se torna uma companheira desagradável, exigente, que pouco satisfaz ao companheiro de qualquer tipo de relacionamento, especialmente outras mulheres que ocupem papel de autoridade em sua vida, por serem fontes de grandes expectativas e, consequentemente, decepções.

É muito comum que mulheres com complexo materno negativo não se sintam amadas, por isso estão sempre exigindo muito do parceiro. Além disso, têm problemas com a autoestima, desânimo, transtornos alimentares, tendência à depressão, angústia à separação e disposição ao sacrifício exagerado e desnecessário nas relações.

Apesar de todo o exposto acima, é importante destacar que complexo não é transtorno. Não é uma doença que precisa de tratamento. É apenas um conjunto de impulsos cuja força está no fato de agir no inconsciente. É necessário torna-lo consciente para que ele se “dissolva” e deixe de ser “perturbador”. Embora um complexo nunca possa ser extinto, ele pode se transformar na medida em que é absorvido e assimilado pelo consciente.

No entanto, para vencê-lo, apenas trazer à consciência os efeitos positivos ou negativos não será suficiente. É preciso observar os comportamentos e atitudes inadequadas, aceitar a figura materna e perdoá-la, a fim de transformar interiormente a relação mãe e filha.

Nesta perspectiva, é de extrema importância que a mulher reconheça os padrões que influenciam a sua vida e os efeitos que isso pode causar. Sair do estado de inconsciência proporcionará um conhecimento de si mesma, que poderá fazê-la encontrar maneiras de modificar este modelo de relação com a figura materna que foi introjetado pela psique.

Se o relacionamento com a mãe gerou sentimentos que se desenvolveram de forma inadequada, a solução reside no estabelecimento de um novo relacionamento com alguém que possa assumir com propriedade o papel de mãe.

E quem pode fazê-lo melhor do que aquele que a formou, a ama e está pronto para ser o supridor de todas as suas necessidades?   Deus certamente será a solução. Ele quer ser aceito como mãe e cuidar de seus filhos, conforme está escrito em Salmos 2:7b “Ele me disse: Você é meu Filho! Hoje te gerei! Hoje é o dia da sua coroação. Hoje dou a você toda a sua glória!”.

Ao se relacionar de forma íntima com Deus a mulher aprenderá a receber amor incondicional, a expor seus desejos, a ter segurança e elevar a autoestima, valorizando-se e tornando-se capaz de estabelecer limites no relacionamento com os outros.

Essa mulher aprenderá a lidar com a ansiedade e o medo de ser rejeitada, descobrindo que tem valor e que existe com um propósito.