domingo, 26 de maio de 2013

Perdão X Compaixão X Confiança


"Depois disso Jesus percorreu a Galiléia, mantendo-se deliberadamente longe da Judéia, porque ali os judeus procuravam tirar-lhe a vida. Mas, ao se aproximar a festa judaica dos tabernáculos, os irmãos de Jesus lhe disseram: "Você deve sair daqui e ir para a Judéia, para que os seus discípulos possam ver as obras que você faz. Ninguém que deseja ser reconhecido publicamente age em segredo. Visto que você está fazendo estas coisas, mostre-se ao mundo". Pois nem os seus irmãos criam nele. Então Jesus lhes disse: "Para mim ainda não chegou o tempo certo; para vocês qualquer tempo é certo. O mundo não pode odiá-los, mas a mim odeia porque dou testemunho de que o que ele faz é mau. Vão vocês à festa; eu ainda não subirei a esta festa, porque para mim ainda não chegou o tempo apropriado". Tendo dito isso, permaneceu na Galiléia. Contudo, depois que os seus irmãos subiram para a festa, ele também subiu, não abertamente, mas em segredo." João 7:1-10
Nesta passagem, Jesus como o grande mestre nos ensina, com sua própria vida, a diferença entre perdoar e confiar.  
Não há menção aqui a qualquer amargura em Jesus. O Seu perdão foi concedido imediatamente, independente da atitude de seus irmãos.
Mas, a confiança foi quebrada, porque não havia, por parte de seus irmãos, a aceitação de quem Ele era.
Jesus nos ensina com isso que um relacionamento só é, necessária e justamente rompido, quando uma das partes não aceita e respeita o outro como ele é. Neste momento se evidencia que a unidade não é possível. 
Quando a prática de dois pesos e duas medidas se instaura, a unidade deixa de ser uma possibilidade. A injustiça impera quando as ações próprias são sempre justificáveis (mesmo quando destrutivas  para o outro, como neste caso), e o outro sempre é visto como errado. Nesse caso, não há a possibilidade de se estabelecer uma verdadeira comunhão.

Como verdadeira comunhão podemos definir o relacionamento no qual existam o suporte e a admiração mútuas, onde os erros não são constantemente lembrados, mas perdoados. Lembrando sempre que há diferença entre perdão e confiança.

Perdoar é desligar-se do passado, deixando de dar importância ao que aconteceu, utilizando o ingrediente essencial para esse ato: a compaixão. Compaixão é o nome que se dá à disposição de creditar à pessoa a capacidade de não cometer o mesmo erro. Em outras palavras, é a oportunidade que damos ao outro para provar que mudou. 

Já a confiança é uma projeção do comportamento futuro, por isso não pode ser concedida levianamente. Como confiança diz respeito a uma oportunidade, é o outro que vai dar o rumo do relacionamento.
Jesus nos ensinou o modelo. Sua confiança em seus irmãos foi concedida por muito tempo, mas em um determinado momento, foi retirada. Eles não se mostraram mais dignos, então Jesus simplesmente parou de repartir com eles os seus planos, e até mesmo sua convivência. Ele se afastou de seus irmãos.
Ele seguiu em frente, mas sozinho.

A separação nestes casos é sempre necessária porque a medida do amor ao próximo é a mesma do amor próprio. Ninguém jamais será capaz de amar o outro se não amar a si mesmo. De maneira similar,  ninguém poderá aceitar o outro, se primeiro não se aceitar.
Deste modo, num relacionamento em que você é desrespeitado enquanto pessoa, quando o outro não tem nenhuma sensibilidade para com os seus sentimentos, a separação torna-se necessária, pois a auto estima é vital para qualquer relacionamento.

Esta é a lição que fica.

Precisamos aprender, com Jesus, a nos afastar daqueles que poderiam destruir nossa auto estima, por mais que os amemos, e nos aproximar daqueles com quem seja possível estabelecer uma verdadeira comunhão.

Precisamos saber escolher, e escolher sempre o caminho do verdadeiro amor. Um amor livre. Um amor que não depende da convivência para existir. Um amor cujo modelo é o próprio Jesus.

Termino com as palavras de Joyce Mayer: "O perdão é uma escolha. Amar alguém é uma escolha. Amor não tem nada a ver com os arrepios ou sentimentalismo. Amor é decidir como tratamos as pessoas. Devemos aprender a tomar decisões. Temos de aprender a fazer o que é certo, especialmente quando não gostamos".